Meu País potencializa distância e angústia das relações familiares

domingo, 9 de outubro de 2011



Sufocante. Esta é uma boa palavra para definir “Meu País”, estreia de André Ristum em longas de ficção. Não só pela representação do fim de um sonho e seus desdobramentos, mas pelo excesso de planos fechados e supercloses.
Marcos (Rodrigo Santoro) e Tiago (Cauã Raymond) são asfixiados pela câmera de Ristum. Com a morte do pai, eles se reencontram após anos de separação e exprimem diferentes formas de ostentação da riqueza que a vida os proporcionou. Sempre em planos fechados, os dois vivem realidades distorcidas – e bastante distintas. Marcos, um empresário bem-sucedido na Itália, e Tiago, um jovem aparentemente irresponsável com o dinheiro. Opostos forçados a se juntar pela força da tragédia.

Na construção de personas e desenvolvimento destes conflitos, Ristum opta por seguir um caminho silencioso. Sua força está nos pequenos detalhes das cenas – o que possibilita diversas interpretações ao filme.
A introdução de uma terceira irmã, Manuela (Debora Falabella em ótima atuação), serve como estopim para uma explosão de sentimentos. Cada qual a seu modo, os irmãos passam a assumir a dormência em seu relacionamentos familiar e a lutar pelo bom senso.

A sensibilidade com que Ristum explora as memórias e a montanha russa de emoções é impressionante. Seus personagens são vulneráveis e a constante dúvida sobre suas posturas tornam a dramatização angustiante para o espectador, culminando num final que pode ser poético e aberto, porém guarda uma potência descomunal.

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