Bebês encontra conexões entre crianças de diferentes continentesBebês encontra conexões entre crianças de diferentes continentes

sexta-feira, 22 de abril de 2011


Existe um pequeno filme chamado “Briga de Criança” (1896), realizado pelos Irmãos Lumière nos primórdios do cinema, que mostra dois bebês, sentados lado a lado, numa disputa por brinquedos, um querendo aquele que se encontra na frente do outro.
É provável que este filminho de 1 minuto de duração tenha sido inspiração para o diretor e cinegrafista Thomas Balmès, francês como os Lumière, que começa exatamente assim seu longa “Bebês”. Só que, ao contrário das crianças da Era Vitoriana, os meninos vistos no começo de “Bebês” são africanos.

É esta internacionalização do tema o mote principal de Balmès, que usa as figuras de quatro bebês ao redor do mundo – Namíbia, Japão, Mongólia e Estados Unidos – para falar sobre as diferenças culturais que ainda existem em plena globalização.
A bem cuidada fotografia pode, a princípio, remeter à publicidade com motivos transnacionais, uma espécie de United Colors of Benetton em longa-metragem. E existe realmente a vontade de Balmès em edulcorar este universo infantil, tornando seu filme um programa perfeito e emocionante para aqueles que são ou estão prestes a serem pais e avós. Talvez até para o resto da população, já que crianças e bichinhos costumam servir de atalhos garantidos para a emoção.

Mas o registro de Balmès, construído ao longo de um ano da vida de seus pequenos protagonistas, vai além. A partir de contrastes culturais, expõe a fragilidade de alguns valores da contemporaneidade, e a superficialidade de alguns elementos supostamente imprescindíveis com os quais certos pais cercam sua prole.
O cineasta coloca a câmera à altura das crianças, tentando ver o mundo da forma que estes o vêem. Raramente as faces de seus pais ou de outros adultos são mostradas. Pelo contrário, diz o filme exclusivamente através de imagens e música (cortesia de Bruno Colais, de “Coralina e o Mundo Secreto”, “A Voz do Coração” e “Migração Alada”), o que interessa a estas crianças nesta idade são outras partes da anatomia, como os seios maternos, fontes de alimento e sobrevivência.

E assim o filme encontra inesperadas conexões entre estas crianças de locais tão díspares cultural e economicamente. É um discurso que ilumina não aquilo que nos separa e sim o que nos torna uno.

0 comentários:

Blog Archive