Cory Monteith ensaia carreira fora de Glee

domingo, 18 de setembro de 2011



TORONTO O canadense Cory Monteith atingiu o status de celebridade pelo papel do abobalhado Finn Hudson na série musical “Glee”. E, na vida real, o ator parece tão desajustado da fama quanto o personagem: alto, desengonçado e recatado, Cory é o típico sujeito comum que foi parar sob os holofotes. No Festival de Toronto para promover “Sisters & Brothers”, seu primeiro trabalho de destaque fora do programa, Monteith deixou evidente a sua conexão com o passado simplório.
O filme é o encerramento da trilogia familiar do diretor indie canadense Carl Bessai, precedida por “Mothers & Daughters” (2008) e “Fathers & Sons” (2010). No longa, Cory interpreta um de quatro irmãos problemáticos. Seu personagem é um ator de Hollywood que tenta reparar a relação com um irmão não tão bem-sucedido (Dustin Milligan). Tal como os anteriores do diretor, “Sisters & Brothers” foi rodado com um vago conceito do roteiro e apoiado em improvisos do elenco.

“Foi empolgante e assustador às vezes, mas, em geral, foi uma experiência fantástica”, descreveu Monteith sobre o processo de improvisação. “Essa é uma grande oportunidade para um artista, do tipo que você só recebe raramente”, completou. “Também é muito distante dos roteiros de TV, em que tudo é levemente previsível, sem querer desmerecer o meu show… Mas é um metódo diferente”, justificou-se.
A chance de se desafiar como ator explica porque Cory se voltou para uma produção canadense de orçamento limitado, ao invés de mirar o calendário hollywoodiano. “Nós tínhamos todo o controle criativo que queríamos. Carl só aparecia para gritar ‘Corta’”, brincou Cory.

De fato, o seu envolvimento e dedicação ao projeto surpreendeu até mesmo o diretor. “A grande questão desse filme é o que um cara como Cory Montheith, que é um protagonista de sucesso na televisão e tem 1 milhão de seguidores no Twitter, está fazendo aqui”, comentou Bessai. “Ele, assim como os outros atores, estava lá para interpretar, alongar e explorar”, defendeu.
Na realidade, houve pouco espaço para bancar a “estrela”. “Sisters & Brothers” foi um trabalho da equipe – e Cory foi muito favorecido pelo fato de já conhecer seu parceiro de elenco Dustin Milligan (o Ethan da série “90210″). Os dois são amigos há anos, desde antes da fama, e chegaram a trabalhar juntos em uma padaria em Vancouver. “Nós sonhávamos em trabalhar juntos em Hollywood e em fazer algum sucesso juntos, e agora estamos literalmente juntos em um festival de cinema”, maravilhou-se Milligan. “Estava escrito”, emendou.

Foi Milligan, inclusive, quem aproximou “Sisters & Brothers” de Monteith. “Ele disse para o Cal que eu já era meio como um irmão dele na vida real e que por isso não havia ninguém melhor para o papel”, disse Cory, agradecido. Bessai deu aos atores as diretrizes, e o enredo foi construído em conjunto pelos dois e por Andre McIlroy, técnico de interpretação que os treinara anos atrás em Vancouver.
“Como sabíamos que não teria nenhuma fala oficial, começamos a formular ideias e o passado dos personagens, construindo a sua relação e os inserindo naquele contexto”, contou Cory.

Após a experiência, Monteith atesta que, em termos de atuação, “o céu é o limite”. “Meu próximo passo será fidelizar o público de ‘Glee’, ao mesmo tempo em que extrapolo as barreiras de um ator o máximo possível”, ponderou.
Ao que tudo indica, porém, ele não terá mais tanto tempo assim junto dos fanáticos por “Glee”: o criador do programa, Ryan Murphy, declarou em inúmeras ocasiões a intenção de reformular o elenco juvenil da série a partir do final da 3ª temporada, ponto em que vários dos personagens (incluindo o de Monteith) se formarão no ensino médio. “Pois é, nunca se sabe. Há muita especulação sobre algumas pessoas se formando…”, divagou Cory, misterioso, quando indagado a respeito.

E, mesmo que tenha tentado enfatizar “Sisters & Brothers” e não ofuscar o filme com menções a “Glee”, o ator aproveitou para fazer juras de admiração ao programa e para desmentir certos rumores de que estaria se desentendendo com Murphy. Segundo boatos, Cory estaria insatisfeito com a carga de trabalho e o cachê, e exausto de conciliar a turnê musical inspirada por “Glee” com as gravações.
Também não estaria satisfeito com o dinheiro recebido pelos singles emplacados. “Fui para a primeira colocação de vendas e recebi 400 paus”, reclamou, em certa ocasião, numa entrevista via rádio.

Monteith garante, todavia, que as coisas vão muito bem, obrigado. “Isso tudo não passa de fofocas”, disse. “As pessoas tentam fazer um grande caso das coisas e criar algo onde não há nada”, acrescentou. Ele também assegurou que trabalhar com Murphy e a equipe tem sido “incrível, agora e sempre”. “Sinto-me muito sortudo por fazer parte disso”, afirmou Cory.
Aliás, enquanto “Sisters & Brothers” não sai do circuito dos festivais, os brasileiros terão a chance de conferir a silhueta anormalmente grande de Cory na tela grande. Ele, assim como o restante do elenco jovem da série, está em “Glee 3D”, a gravação em alta definição de um dos shows da turnê, em cartaz nos cinemas brasileiros desde sexta (16/9). Não é lá um grande desafio para o seu repertório – mas as fãs vão ao delírio.

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