#Glee #3D – O Filme é mais um prego na saturação da série

sexta-feira, 16 de setembro de 2011



A série “Glee” era, até a metade de sua 2ª temporada, uma das mais originais e divertidas da televisão norte-americana. Criada por Ryan Murphy, já reconhecido pelo sucesso do drama “Nip/Tuck”, ela se propunha a unir o exagero teatral dos musicais da Broadway ao mais raso filão de comédia, o pastelão colegial. O sucesso foi imediato: o público aceitou a inusitada ideia de ver um musical semanal de 42 minutos, a crítica se derreteu em elogios ao tom exagerado e escapista, e, em pouco tempo, “Glee” se tornou fenômeno mundial.
Então vieram as vendas avulsas das músicas da série no iTunes, os CDs, os CDs temáticos, apresentações especiais, a inevitável turnê musical… e o filme. Nascido da recente turnê americana, “Glee 3D – O Filme” leva o merchandising da série ao ponto da saturação.

Fosse este filme-concerto limitado a trazer simplesmente um registro dos shows ou mesmo a observar os bastidores, o resultado teria sido mais interessante. Mas, entre uma música e outra, surge um discurso de autoajuda, em tom motivacional, durante diversos depoimentos de fãs da série, que contam como “Glee” mudou suas vidas.
São dramas adolescentes de aceitação e superação, muito parecidos com as historinhas que os personagens vivem na ficção, mas contados por gente de verdade.

Assim, o filme mostra uma garota anã que conseguiu se tornar rainha do baile de formatura, conta a história do garoto que teve sua sexualidade revelada e acompanha o drama da menina que sofria de TOC e tinha fobia social. Para enfatizar essas fábulas colegiais, os números musicais são enxugados e as divertidas sequências onde os personagens trocam farpas nos camarins se tornam meras curiosidades.
A culpa não recai apenas sobre o diretor, Kevin Tanchaoren, nome jovem também responsável pelo fracassado remake de “Fama” (2009). Suas escolhas quanto a fotografia e edição são extremamente equivocadas, mas, num produto descaradamente mercadológico como este, a palavra do produtor pesa muito mais. É possível ver tiques de Ryan Murphy durante toda a extensão do longa.

As escolhas musicais também não são as mais inspiradas, preferindo destacar os hits da 2ª temporada e ignorar boa parte das canções que tornaram a série famosa. O hino “Don’t Stop Believing” é apresentado retalhado, enquanto “Safety Dance” aparece apenas para dar ao público uma chance de ver Artie (Kevin McHale) levantar de sua cadeira e dançar.
Talvez o fã brasileiro tenha mais inclinação de relevar os problemas da produção, porque a experiência de ver seus personagens queridos cantando hits na tela de um cinema pode ser sua única interação com um show da série. Nos EUA, porém, “Glee 3D – O Filme” teve um desempenho comercial muito abaixo do esperado.

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