Procuradoria arquiva pedido de militares para censurar novela

terça-feira, 19 de abril de 2011



A Procuradoria do Ministério Público Federal arquivou nesta segunda (19/4) o pedido de uma associação de militares para censurar a novela do SBT “Amor e Revolução”. Segundo a Procuradoria, não foram apresentados elementos mínimos para justificar a investigação.
A novela retrata a repressão a militantes de esquerda durante o período da ditadura (1964-1985), com direito a cenas de tortura. O que teria desagradado uma associação de militares da aeronáutica.
Em abaixo-assinado na internet, a Abmigaer (Associação Beneficente dos Militares Inativos e Graduados da Aeronáutica) solicita ao Ministério Público que se cumpra a Lei da Anistia, que não instituiu qualquer tipo de cerceamento a informações sobre o período. Escrito em letras maiúsculas e repleto de erro de português, o manifesto exige censura à novela e acusa o governo de oferecer ajuda ao Banco Panamericano, que pertence ao Grupo Sílvio santos, numa conspiração para colocar a novela no ar.
“É óbvio que o governo federal, através da Comissão da Verdade, recém-criada, está participando do acordo em exibir a novela”, diz o texto, que, em três semanas só arrecadou 840 assinaturas solidárias.
“Conjecturar que a teledramaturgia será exibida em troca de negociatas, objetivando desqualificar a imagem das Forças Armadas, pode ser tão nocivo quanto censurar o folhetim”, afirmou o procurador Peterson de Paula Pereira.
Para o autor da novela, Tiago Santiago, a tentativa era inconstitucional e interessava apenas a “torturadores e assassinos” do regime.
A presidente do grupo “Tortura Nunca Mais”, Cecília Coimbra, arrematou: “Seria cômico se a história não fosse trágica. As pessoas se esqueceram que estamos em 2011 e que a censura ficou para trás”.

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