Chris Evans conquista fãs dos quadrinhos

sexta-feira, 29 de julho de 2011



COMIC-CON O lema do longa “Capitão América – O Primeiro Vingador” – “Guerras se vencem com homens, não com armas” – é mais do que apropriado para a trajetória do protagonista: Steve Rogers, um sujeito franzino e determinado que, em plena 2ª Guerra Mundial, se submete a um experimento que o transforma em um supersoldado. Trata-se, enfim, da própria externalização da mania de grandeza dos americanos e uma história indissoluvelmente patriótica, o que justifica sua excelente bilheteria nos EUA, onde desbancou o último capítulo de “Harry Potter”.
O filme foi lançado em meio ao burburinho da Comic-Con, com uma exibição prévia e exclusiva para os fãs do gênero – as maiores autoridades no assunto. Chris Evans, que interpreta o herói, compareceu à convenção, e entre um autógrafo e outro proferiu algumas palavras sobre a empreitada.

Aos 31 anos, o ator já tem um repertório vasto de super-heróis. Ele interpretou o Tocha Humana nos dois filmes do “Quarteto Fantástico”, protagonizou o subversivo “Heróis” (2009) e se divertiu à beça como um dos Ex-Namorados do Mau em “Scott Pilgrim contra o Mundo” (2010).
“Pode-se dizer que esses personagens são familiares para mim”, disse Evans, quando lhe apontaram as referências. “Mas na verdade o que me interessa é fazer bons filmes”, explicou, desmentindo que privilegia essas figuras.

Nem todos os anteriores podem ser taxados de “bons”, mas “Capitão América” tem mesmo uma estirpe diferenciada. Parte, à princípio, de um conflito íntimo identificável, do personagem com aspirações maiores que ele mesmo e a rejeição por não se adequar aos padrões da normalidade que o rodeiam. Segundo Evans, a inspiração para ilustrar essas emoções veio de dentro. “Fui uma criança meio balofa, e estava acima do peso até lá pelos meus 17 anos”, confessou o galã.
Mas a transformação externa não é tão drástica quando se compreende suas motivações. “Se você se conecta com ele desde o início, sabe que é o mesmo cara que encontrará ao final”, refletiu Chris. Vale mencionar que o final do longa está longe de ser o ponto final do Capitão: Evans tem um contrato de 6 filmes com o estúdio. “Posso estar fazendo isso até os 40″, brincou.

E está certo. “Capitão América 2″ já está sendo gestado e, antes disso, o personagem será aproveitado em “Os Vingadores”, o ambicioso longa dirigido por Joss Whedon (série “Buffy – A Caça Vampiros”).
O filme, afinal, está inserido no universo Marvel, que tem o cuidado de criar uma lógica interna entre todos os seus personagens. Nesse caso, o público vai se deleitar também ao encontrar em “Capitão América – O Primeiro Vingador” o pai de Tony Stark, o Homem de Ferro, aqui interpretado por Dominic Cooper (“Mamma Mia!”).

Em “Os Vingadores”, o Capitão América se reunirá a Hulk (Mark Ruffalo), Thor (Chris Hemsworth) e ao próprio Homem de Ferro (Robert Downey Jr.). Para a aventura, o personagem será transportado da década de 1940 para o presente, e será remodelado aqui e ali.
“Não é uma mudança drástica, mas é definitivamente uma modernização”, antecipou Evans, quando indagado sobre o novo uniforme do herói. “Ah, e também é mais confortável para me mexer”, acrescentou.

A habilidade de se movimentar com facilidade será útil, já que, também de acordo com o ator, “Os Vingadores” estará abarrotado de sequências de luta – no estilo mais físico do termo. “A ação é insana. Agora, o Capitão tem um novo time ao lado dele, e esses caras são muito mais poderosos”, afirmou Evans.
Bota poder nisso: Evans garantiu que encontrou em Hemsworth um amigo, e em Downey Jr. um conselheiro.

Disse também que ser posto lado a lado com alguns dos espécimes mais bonitos da raça não o intima. “É complicado se sentir um sex symbol quando se está ao lado de Robert Downey Jr. e Chris Hemsworth”, admitiu. “E não me importo mesmo com isso, porque não me vejo dessa maneira. Sou muito inseguro”, completou. Pelo visto, a multidão de fãs histéricas gritando o seu nome na Comic-Con não lhe sobe a cabeça.
Talvez por isso o ator admite que temia se envolver com “Capitão América” quando a oferta primeiro se apresentou. “Esse filme era assustador para mim. Todos sempre dizem para ouvir o coração e meu coração dizia para não fazer isso”, confessou. “Mas então um grande amigo meu disse que, quando se tem medo de algo, você tem que mergulhar de cabeça”, explicou.

E não parece ter se arrependido nadinha da decisão. “Posso fazer uma lista de coisas negativas, mas as positivas sempre vão superar”, afirmou Chris. Entre os pontos positivos, ele citou: “Faço filmes, coloco um escudo, sou bem pago para correr por aí a brincar de faz de conta”. Uma análise honesta do próprio trabalho.
O ator também faz questão de garantir que não o filme deve agradar não apenas as fãs do gênero, que surtam com heróis correndo de uniforme para lá e para cá. Claro, o conflito com o vilão – o Caveira Vermelha, interpretado por Hugo Weaving (trilogia “Matrix”) – é o ponto central, mas o filme também uma carga nostálgica e romântica. “Não quero entregar demais, mas devo dizer que o romance foi algo que eles realmente fizeram bem”, apontou Evans.

Hayley Atwell (“A Duquesa”), que interpreta o interesse amoroso do protagonista, concordou. “É uma história de amor forte e sincera. O Capitão América deixa evidente sua vulnerabilidade. Não é o típico macho cheio de testosterona”, discorreu a atriz, que acredita que as garotas que nunca folhearam uma só revista em quadrinhos do personagem vão se envolver com o longa com a mesma intensidade.
Vale destacar aqui o senso de narrativa do diretor Joe Johnston (“O Lobisomem”). Ficou claro que Chris Evans é a estrela desse show, mas Johnston também tem sua cota de considerações a fazer. Enquanto o protagonista estava centrado no personagem, o diretor estava atento a todos os elementos ao redor. Os anos 1940, por exemplo, foram estilizados para servir aos propósitos do roteiro.

“Muito do que se vê ali é uma espécie de futurismo dos 1940″, disse. “Acho que nessa época as pessoas eram mais ligadas na forma das coisas. Roupas, automóveis, tudo tinha que parecer consistente, e tinha mais a ver com forma do que com conteúdo”, pondera o diretor, sobre a identidade visual que firmou.
Johnston ainda prestou um elogio aos executivos da Marvel, alegando que, mesmo superprotetores com a sua criação, eles o deixaram filmar como pretendia. “Eles contratam um cineasta, compreendem o filme que esse cineasta quer fazer e o ajudam a fazê-lo”, disse o diretor.

“Eles apontam quando há algo que não se encaixa no universo Marvel, mas no caso de ‘Capitão América’ não houve absolutamente nada com que eles não tenham se sentido confortáveis”, emendou. Se a Marvel deu a sua benção, o público também deve ter pouco do que reclamar.

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