COMIC-CON A interação dos fãs com os ídolos é, para os presentes na Comic-Con, o que há de mais especial em fazer parte da convenção. Mas para nenhuma outra série, filme ou revista em quadrinhos participante a recíproca é tão verdadeira como é para “Chuck”, que teve uma emotiva última participação no evento nessa 42ª edição. O programa chegará ao fim certo na 5ª temporada – o que, para “Chuck”, que vinha enfrentando ameaças de cancelamento pela baixa audiência desde que foi ao ar pela primeira vez, é uma sobrevida milagrosa.
Mas um milagre justificável: foi o apoio dos fãs, que se uniram em petições e pressionaram a emissora, que salvou “Chuck” da morte certa em mais de uma ocasião.
Em uma das ações, por exemplo, os fãs se mobilizaram para frequentar a rede de lanchonetes Subway, a principal patrocinadora do programa nos EUA, após um episódio de “Chuck” ir ao ar, para provar a quem toma as decisões mercantis que eles estavam atentos, interessados e devotos à atração.
Não à toa, Zachary Levi, que interpreta o personagem-título, marejou os olhos ao se dirigir ao público pela última vez. Quando lhe passaram o microfone para as considerações finais, o ator precisou de um momento para recompor e, quando começou o seu “muito obrigado”, sua voz falhou.
Os fãs igualmente emocionados o aplaudiram de pé. “Eu realmente amo o mundo da Comic-Con e o que une essas pessoas maravilhosas”, justificou Levi posteriormente. “São 200 mil pessoas que amam genuinamente os motivos que as trouxeram aqui”, completou.
No caso de “Chuck”, o amor foi instantâneo: antes mesmo da estreia oficial, a série exibiu o seu episódio piloto para o público da Comic-Con, há quatro anos atrás. É a primeira recordação de Zachary do poder da convenção. “Vocês acreditaram em nós mesmo quando estávamos exibindo um piloto do qual ninguém havia ouvido falar”, relembrou o ator, agradecido. “Ficamos ao lado acompanhando a reação e foi incrível”, emendou.
Ele se recorda de que também lacrimejou um pouquinho naquela ocasião. “Não quero ser o cara que chora a cada vez que fala, mas nessas circunstâncias é complicado”, comentou.
Sobre a reação ao painel deste ano, Levi comenta que estava ciente da possibilidade de abrir o berreiro. “Temia que isso fosse acontecer. Mas temia no sentido figurado, porque não tenho mesmo medo de ser transparente e ser eu mesmo”, disse, decidido.
Talvez a extraordinária conexão de Zachary com os fãs se explique pelo fato do ator ser, ele mesmo, um nerd assumido – estava com uma camiseta dos “ThunderCats”! – , tal qual os espectadores. Chuck, como personagem, é o sonho molhado dos geeks: um sujeito comum – às vezes, abaixo da linha do comum – que tem o cérebro programado como um computador para armazenar informações confidenciais e desempenhar as mais complexas manobras físicas.
“Tive vários momentos na série em que ficava: ‘Não acredito que posso fazer isso’”, afirmou Levi. “E acho que o Intersect é uma das coisas mais bacanas já vistas em qualquer série de TV”, acrescentou, referindo-se ao programa que lhe é implantado.
Ao longo da série, essa metamorfose exigiu o extremo comprometimento do ator – mas não dele somente. “Fazer um show dá muito trabalho, quer você desempenhe a parte física ou não. É um cronograma puxado, nada fácil de seguir, mas nosso elenco e equipe são incríveis e completam tudo dia após dia. Adicionar as sequências de luta a isso era só um pouquinho a mais de trabalho”, comentou Zachary.
Na nova temporada de 13 episódios, porém, Chuck não mais será o Intersect, agora transferido para o amigo baixinho e avoado Morgan (Joshua Gomez). Em uma das revelações sobre o que reservam os próximos episódios, Levi adiantou que Chuck não estará em bons termos por não ser mais o Intersect, mas que isso o forçara à usar outras habilidades intrínsecas a ele.
Outras revelações incluem a participação de Mark Hamill, o Luke Skywalker da trilogia original de “Star Wars”, como o primeiro vilão da temporada, o possível retorno de Linda Hamilton (“O Exterminador do Futuro”) ao papel da mãe de Chuck, e um interesse romântico para Casey (Adam Baldwin) – justamente, a dona de uma agência de espionagem concorrente à nova agência do protagonista. E uma antecipação de arrepiar: algum personagem não-especificado não sobreviverá ao final da 5ª e última temporada – e será uma perda devastadora.
Mortes à parte, o criador Chris Fedak garantiu que está satisfeito com a maneira que encerrará a série. Saber que a temporada será definitivamente a última deixa-lhe confortável para dar aos personagens o destino que pretendia – sendo que, ao final das temporadas anteriores, sempre à sombra de um possível cancelamento, encerrava a narrativa de modo a sugerir tanto um ponto final quanto uma possível continuação da história. Dessa vez, porém, é o fim da linha para “Chuck” – e os fãs e a equipe despedem-se com a sensação de dever cumprido.
Tanto que o ator parece ansioso para repetir a dose. “Quero ser capaz de fazer outra série do gênero sci-fi e fantasia, acho que seria divertido”, atestou Zachary Levi, quando indagado sobre seus projetos futuros. “Principalmente sci-fi, porque quero ir para o espaço e porque acho que eu não daria um bom vampiro. Se bem que eu adoraria matar vampiros”, divagou sobre as suas opções.
Sob o legado de “Chuck”, Levi é agora um ator cult, e custaria pouco a ele descolar participações em “The Walking Dead” e afins. Qualquer coisa para retornar à Comic-Con, a qual o ator está tão ou mais integrado que os fãs.
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